sábado, 28 de dezembro de 2013

...

Perder-te é, pois,
Sem dúvidas...
                      Perder-me.
Perto de mim,
Dentro de mim,
Cabe uma coisa
Que não cabe
Em mim.

Perco das mãos,
Peco pela paixão,
Quando de ti não sei.

Assim,
De mim não hei
De estar sem ti.

É como perder o chão,
Não encontrar o ar...
Perder. Perder-te.

Perder-me... jamais.

Belma Andrade

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Voltei.



Passei a te encontrar
Até mesmo onde não sabia
Que você existia...
Comecei a enxergar
Que o que eu via
Era apenas um terço
Do que na verdade
Aqui dentro, eu sentia.
Andei correndo na contramão
E quando parei, ofegante,
Olhei pro lado
E o vento assobiou nos meus cabelos...
Percebi que o que havia
Novamente eu merecia,
E foi aí, então,
Que permaneci quieta
E deixei ser abraçada
Pelas palavras e sopros
Daquele vento que voltou

A nosso favor...


Belma Andrade

domingo, 10 de novembro de 2013

artigo indefinido

Um calendário. Um café. Um vinho. Uma mensagem. Um ônibus. Uma despedida. Uma ligação – várias ligações -. Um reencontro. Um frio na barriga. Um café. Um calendário. Um ônibus. Um sorriso. Dois sorrisos –num só -. Um desejo. Um “pra sempre”. Uma história. Um calendário. Um ônibus. Um cheiro. Uma mão. Duas – quatro delas -. Uma carta. Um arrepio. Um peito apertado. Uma saudade. Muita saudade. Um amor. Um café. Um ônibus. Um afago. Uma saudade. Um fim. Uma volta. Muitos fins – já sem volta -. Uma negação. Um amor. Uma saudade. Um choro. Muitos choros. Um fígado – partido -. Um coração – dilacerado -. Um olho – este inchado -. Uma insônia. Uma cama. Uma saudade. Um amor. Uma falta. Um pedido: Volta! Uma volta. A volta. Um amor. Uma ida. Uma saudade. Um calendário. Um ôni... bus. Uma S A U D A D E. Um amor. Uma falta. Um coração. Um aperto. Muitos apertos – num só peito -. Um amor!


Belma Andrade

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Re(verso)


Um dia, eu sei,
Essas lágrimas irão secar.
Uma hora, bem sei,
Eu não vou mais
Só em ti pensar.
Tudo aqui, sabemos,
Funciona ao revés.
Porque por mais
Que eu prometa
Que não vou ficar mal,
É porque assim já estou.
E por mais, também,
Que eu diga
Que não quero mais,
É porque nunca quis tanto.
E quando finjo
Que nada sinto,
É porque sinto muito
Por ainda sentir...
E, amor meu, se bravejo
Estar tudo bem,
É porque não me vejo
Sem ti, ficando bem.
Mas eu sei
Que como tudo é o reverso,
Um dia, em cada verso meu,
Não terá mais uma lágrima.
Versificarei, então, uma calma
Que brotará na alma
E tudo sentido

Se reversará.


Belma Andrade

terça-feira, 1 de outubro de 2013

...

E é como se a gente
Soubesse quase perfeitamente
Que o que temos
Não nos cabe mais dentro.

O peito estufou,
A garganta explodiu,
Num grito velado.

O que antes carregávamos
Dentro de nós,
Agora nos carrega
Pelas mãos.

Tudo o que temos,
Então,
Cabe dentro do mar.

Aquele mesmo,
De profundeza infinita
E que carrega
As dores do mundo.

Não cabe em palavras,
Nem mais no peito.

Mas isso não quer dizer
Que não tenha mais jeito.

É que tudo cresceu demais
E como não conseguimos
Guardar dentro d’alma,
Deixamos que partisse.

Pr’onde não deveria
Sequer ter saído:
De dentro do mar.
Num indo e vindo
Grandioso...
...e eterno!





Belma Andrade

terça-feira, 17 de setembro de 2013

.

Quer saber?
Se era pra sentir
De forma tão dilacerante
A tua falta,
Preferia não sentir,
Nem nunca ter sentido
A tua presença.
Tudo pesa demais
Quando tu te vais.
É doloroso, faz frio,
Inebria a garganta
E fere.
Fere uma ferida
Sangrenta, escarlate.
As borboletas
De meu estomago,
São grandes mariposas.
E possuem garras.
Afiadas.
Quando chegam, sopram
Com suas asas,
E reviram tudo por dentro.
Mas com o tempo,
Ah... com o tempo!
Elas afiam suas garras
E tua falta cá dentro
Dói. Pesa.

Faz tanto frio...
Volta!



Belma Andrade 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Vai



E se for preciso, vai.
Mas só se for preciso.
Se puderes, fica.
Mas só se puderes.
Me parte o peito
Te ver partir assim.
Mas entendo teu jeito
E se precisar, mudo o meu
Só pra te ver voltar.
Quero colo, o teu.
Nessa tua ausência me perco
E de mim eu não sei...
Parte! Mas vai de vez!
Não fica de pouco,
Nem machuca aos poucos,
Só vai.
Deixa ficar o que é bom,
Me deixa ao menos
Ficar com a saudade
De tudo o que é nosso
Que era nosso
Que já foi nosso...
E que não é mais.
Que se perdeu.
Onde eu já não sou eu.
E o que tem de meu aqui...
Se perdeu!

Belma Andrade

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O PESO DOS ERROS

As mãos já calejam de tantos murros em pontas de facas com laminas tão pontiagudas! 
Os nós dos dedos já pesam demais e esmorecem todas as vezes 
que vão a desencontro da razão. 

Ora, quebras a cara e não levantas melhor, mas pior. 
O que acontece contigo, pequena? 
Se desamarra dessas amarras. O vento já as afrouxou faz tanto tempo... 

Deves erguer a cabeça e perceber a simples realidade de que viveste até hoje,
sabendo lidar com a vida. Não precisasse que te conduzissem. 
Encontravas sempre os erros sozinha. Apanhavas com os mesmos, mas aprendias e crescias. 

Hoje em dia, entristeces em demais rápido. 

Te perguntas sempre “isso vale realmente a pena?” antes de qualquer atitude 
e lágrima derramada. 
É, mas transformas tuas palavras em realidade pra não esmurrar novamente 
e se machucar nas esquinas pontiagudas de tua vida. 

Teus erros pesam. Em demasia. Mas não se torne escrava deles. 
Deixe que o tempo seja o senhor de tudo e PARE COM ESSA MANIA 
de esperar demais. 

Não espere, só deixe que seja. Não conte com isso, só deixe estar. 
Deixe amar. 
Deixe sonhar. 
Deixe até ir embora...
...mas deixe... 

                                                                Não premedite. 


Belma Andrade

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Espelhos d’água



Eles são os espelhos d’alma
                                     Pelo reflexo perfeitamente
Penetrado no vidro-reflexo.
Mas hoje, especialmente hoje,
Eles foram espelhos d’água...

E esta deve ser uma marca
Daquilo sentido deveras...
Mas, deverei eu refletir
Sem refletir sobre, antes?

Não há como mostrar algo
Num bloco de concreto.
Não há como tornar o negro
Uma plataforma transparente...

Reflexo existe onde existe refletor...
Ou será que reflexo se faz presente
Onde existe reflexão?!

Oh, caros espelhos,
                          Tão rasamente profundos...
Espelhos d’alma, espelhos d’água,
Que especulam meu eu
Tão refletidamente inocente.

Minh’alma apenas cansou
De transbordar em correnteza
                            Minh’água refletida...

Minh’alma esgotou,
Ou se fez esgotada
                  Por um marejar de espelhos
Que incessantemente, refletem
Estes tão belos espelhos d’água...

Belma Andrade

domingo, 4 de agosto de 2013

aMAR

Foi só eu mirar o mar
E lembrar
Que esqueço de todo o resto
Quando estou contigo.

Eu estava embriagada 
Por aquela brisa,
E senti que te amar
É ver aquilo tudo a teu lado...
                                          ...com o coração sorrindo.

Quando deixei que as ondas alcançassem
Os meus pés,
E fossem embora, e outras voltassem,
Percebi que o mesmo
ocorre com a gente:

Cada reencontro 
É uma nova onda
Que nos arrebata.
                          Cada despedida
                          é uma onda que o mar
                          Pede de volta.

E é por isso, então, 
Que nunca é igual
Quando nos encontramos.


Cada vez é, pois,
uma outra vez.
Uma nova onda que vem
                                    Mas infelizmente que vai...



Belma Andrade


sexta-feira, 26 de julho de 2013

regresso.


Sabe quando você é o autor da sua própria tragédia? Você vive a autoria plena de seus erros e tentativas frustradas de acertos. Sabe quando você é o melhor conselheiro alheio e o pior pivô de suas infelicidades? Como é que pode você desperdiçar 1, 2, 3 vezes a chance de viver e estar bem? Eis um grande problema: acertar. Você tentar, tentar de novo e escorregar na mesma contramão é confuso. É uma multiplicidade absurda de vontades e sensações. Uma corda-bamba que bambeia demais os nervos... Você se prende, se solta, pende pros lados e não encontra uma solução. E o que faz? Aceita. Aceita que não é perfeito e que a vida te aguarda lá fora errando, tropeçando e aprendendo, quem sabe, que você é o narrador, protagonista, antagonista e até vilão de sua auto derrota.


Belma Andrade.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

espelhos d'alma

Hoje acordei e meus olhos queriam conversar comigo. Não sei ao certo, mas eles me pareceram mais profundos que o normal. É certo que com minhas olheiras, a profundidade em que eles se encontram é corriqueira. Mas não, não eram apenas as olheiras... Me questionei, então, se era a cor dos meus olhos que estava diferente. Sim, porque são de uma metamorfose constante! Quando estão claros, sinto que estou bem, leve, tranquila, mas quando mais escuros... É isso! Uma neblina sobre eles, talvez. Algo se condensou. E tentei então, diante do espelho pedir para que ficassem calmos. Que o reflexo estava entregando eles demais. Que deveriam manter mais a calma e não deixar transparecer tanta falta de noites dormidas e até mesmo de oceanos derramados... Deitei novamente. A cabeça fez um turbilhão e eles mais uma vez marejaram! Estes que se mostram tão fortes, porém tão frágeis quando algo bambeia. Por Deus, se acalmem! Mirem apenas belas lembranças e reflitam isso, também. Assim, poderão continuar “tranquilamente” suas descobertas e desvendar seus derredores.


Belma Andrade 

domingo, 7 de julho de 2013

...



E tem coisa que machuca como espinho.
Lembranças, pensamentos pesados,
Passados, recordações...
Estranho como a memória capta imagens
Antes vividas como retratos.
Você rasga, queima, até joga fora,
Mas quando vai revirar um armário,
Umas gavetas, umas folhas,
Elas ressurgem! 
Não pesam mais tanto como antes,
E até ganham leveza quando exprimidas.
Mas isso só olhando, porque sentindo...
Amarga a boca, mareja os olhos, 
Serra os dentes e arrepia a pele. 
Como se um vulto ganhasse forma
Mas eu deixo ir embora.
Porque sim! É só lembrança...


Belma Andrade

terça-feira, 2 de julho de 2013

Saudade



Como é que pode dentro de sete letras
caberem tantos significados?
É; definições, frases,
pensamentos de diversas autorias
que se remetem a um mesmo sentir.
Ou seriam várias formas de sentir?
Como tantos sentimentos cabem e se resumem
numa única palavra?
Ou será que não se resumem?

Confuso.
Será que determinamos uma palavra
pra tentar facilitar
uma explosão de sensações
que não conseguimos explicar?
Não conseguimos nem mesmo
ter certeza do que sentimos, que dirá explicar.

Difuso.
A experiência da falta, do pesar, da não completude...
Incômodo.
Um misto de perturbações!
E quando me perguntarem
o que estou sentindo,
 deverei eu ser tão diminuta e suprimir tudo
numa única definição?
Não, não sou de definir, sou de sentir.

E sinto muito, aliás, por ser tão saudosa... 
Belma Andrade

domingo, 21 de abril de 2013


É lindo e me encanta
Te ter nos meus pensamentos...
Me conforta, acalma
Quando recebo teus acalentos;
E se tudo se tumultua,
É em ti que me aconchego.
Ah, amor meu,
Bem querer, e estar...
Vamos matar a distância,
Dar um basta na saudade!
Vem, pega minha mão,
Volta a ser tudo aqui.
Vem logo pra mim!
Quero passar
A ter de volta
Tudo teu que é tão meu...
Sim, sou mais frágil
Do que pensei ser.
Não sei, não consigo mais
Olhar pras minhas mãos
E não enxergar mais
As tuas junto às minhas.
Tempo grande, amor
De dedicação à gente.
Meu coração te sente
E não mente quando palpita
Toda vez que te reencontra,
E me conta que sempre soube
Que tudo aqui é teu
E que vale a pena
Te esperar, querer tu voltar,
E te entregar
Todo o meu amor
Que agora e sempre é teu!


Belma Andrade

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


Desde que te conheci, barcos têm um significado muito grande pra mim. Tu és meu porto, sabe? Onde eu joguei minha ancora, de um peso em demasiado pesado. Tenho amarras bem firmes aqui que nunca vou permitir soltar; nem mesmo quando passarmos por aquelas tempestades que parecem nunca ter fim. Os ventos as vezes fazem minhas velas balançarem muito, mas estas, sempre voltam ao lugar que elas bem sabem ser delas. Toda a imensidão do mar que rodeia a gente, sinto que chega a nos assustar, e, quando o mar está agitado, nos desnorteamos num piscar de olhos! Não há bussola, capitão-coração que dê jeito. Amedrontamo-nos, mas logo menos, acompanhamos o ritmo das ondas de novo, como se acompanhássemos o ritmo da dança do nosso mar; sempre. Dançamos até conforme o vento, mas sem sairmos do lugar. Meu barco, frágil e fraco –como chegou ao teu porto- era solitário e andava meio sem rumo. Era desengonçado-não que ainda não o seja-, mas não queria tomar um Norte certo. Quando ele conheceu teu porto, foi uma euforia só! Não sabia muito bem ter o controle das próprias velas e como lançar ancora; mas teu porto foi sempre tão paciente, calmo, e me esperou de pouquinho, até que me viu de vez nele, sem querer mais sair. Teu porto era desconhecido, e cheio de obstáculos, não nego, mas meu barco queria te desvendar e não se deixou amedrontar! Hoje em dia meu barco tem certeza que lançou ancora no porto certo. Num porto que tem ventos fortes e ameaçadores, mas que ajuda meu barco a driblar tudo e até mesmo o medo. Teu porto hoje me é seguro. Meu barco tem certeza que o peso da ancora dele triplicou e ele não tem mais forças para tirá-la de volta. Meu barco não quer e nem consegue mais sair do teu porto. É engraçado até, e mesmo tendo chegado de mansinho, carregado pelo amigo vento e se instalado, ainda me pediu pra te escrever essa cartinha perguntando: “Teu porto aceita meu barquinho pra sempre?”

Belma Andrade

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013


E conversar comigo seria como abrir o diário de um exagerado...
Meu sorriso não é pouco, no canto da boca, um meio sorriso. 
Minha lágrima não estanca, não vem pouca, mas derrama...
...e me encharca o rosto. 
Não sou mais um “eu”, apenas. 
Sou todos que eu posso e também que não posso ser. 
Sou tudo, menos pouco. Menos metade. 
Não adianta, eu choro lendo romances. 
Choro assistindo romances, choro vivendo romances. Choro. 
Rio muito, mas muito mesmo e por tudo. 
Não sei mais viver e me entregar às bagatelas;
me policiando, periodizando... 
Sou completa, me doo, me entrego em demasiado, pra viver tudo. 
Se não der certo, lá venho eu chorando de novo.
Derramando oceanos. Mas me entrego de novo e de novo e de novo. 
Tudo em muito, com muito drama, muito tudo. 
Tudo ou nada. 
E do nada ainda faço um tudo só pra não ficar com pouco, 
pra não falar pouco, pra não me derramar pouco.

Belma Andrade  

domingo, 6 de janeiro de 2013


Esperando-te entrar pela porta sorrindo esse riso livre pra mim de novo. Esperando chegar do teu ladinho e te sentir tão perto que posso até jurar que nos tornamos num só. Não, não larga minha mão. Não desiste de mim, de tudo, da gente. Não vai embora ainda. Preciso caminhar junto contigo e sentir que nada mais ao meu redor importa. Esse laço de amarras firmes não pode desmanchar; não podemos ceder. Temos força e somos a força. Espera-me pra vivermos todo aquele futuro por nós traçado. Um dia, eu sei, não precisarás mais ir embora. E assim sei também que nos teremos sempre. Querermo-nos sempre. Amaremo-nos sempre!

Belma Andrade 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013


Amor...
Essa cousa tão louca
Que me tira o sono
E que de tão grande
Causa-me espanto.
Um coração bom,
Uma alma aberta,
É só o que basta
Para o amor entrar.
Essa cousa louca
Que me deixa rouca de silêncio
De tanto s o n h a r...

Belma Andrade