segunda-feira, 18 de junho de 2012


Uma proteção Lunar



A voz desnorteada
Cortando o silencio
Daquele luar...
As nuvens que antes
Parecia-me algodão,
Mostraram-se
Como cobertores
No desejo saudoso
De proteger
Tamanho brilho...
Penso eu cá dentro
Sobre tal ciúme
Ou mesmo cuidado
Das nuvens com Ela...
Ela que a voz vem
Sussurrando-me,
Pedindo-me
Para saudá-la
E perceber
Que seu silencio,
É na verdade
Um grito no escuro
Da nomeada Lua
Para matar a saudade
Mesmo que de leve
De corpos divididos
Que apenas desejam
Fazer como as nuvens
E a Lua:
Completar-se!

Belma Andrade

quarta-feira, 13 de junho de 2012


Eu escrevo por mim,
Mas leio por ti...
Eis então o escrevente
Da lei do leitor.
Diga-me, clareia-me
A mente.
Aquilo que queres
Encontrar aqui,
Em meus dizeres...
Aprofunda minhas buscas
Pelas palavras
Mais insensatas...
Atraia-me
Com saberes teus;
Mas não traias
Os desejos meus.
Leia, decifre,
Até decodifique...
Mas não modifique
Em demasiado
O meu dizer,
Basta apenas
O meu querer
De escrever-te algo
Aqui e acolá
Para tudo unir
E então assimilar.


Belma Andrade

sábado, 2 de junho de 2012



Parei e sentei junto à estrada,
Fiquei observando os galhos
Das árvores dançando juntos
No ritmo do vento e levando
Algumas folhas para passear...
Levei as mãos até meu rosto
E o senti cheio de pó...
Pó de areia, poeira, trazida
Lá de longe, lá de onde?
Lá de onde eu não sei,
Lá de onde eu quero descobrir...
Fico cá sentada no canto
Apenas observando ao meu cercar
E penso o quão infinito é
O mundo e tudo o que eu
Ainda tenho por descobrir...
Tudo o que, ainda posso sentir...
Quero decifrar recantos e cantos
Dos pássaros que me passam
E ver o vento num ventilado
Que me traz logo ao lado
A sensação que posso viajar
Junto à estrada de terra
Que traz pedras e folhas
De onde eu nem imagino que vejo.
Paro, sento, observo, sinto, viajo...
Descubro. Como um punhado de chão
Nas palmas de minhas mãos
Tateando cada grão de terra
Que me traz ar, que me faz pisar...

Belma Andrade