segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


Desde que te conheci, barcos têm um significado muito grande pra mim. Tu és meu porto, sabe? Onde eu joguei minha ancora, de um peso em demasiado pesado. Tenho amarras bem firmes aqui que nunca vou permitir soltar; nem mesmo quando passarmos por aquelas tempestades que parecem nunca ter fim. Os ventos as vezes fazem minhas velas balançarem muito, mas estas, sempre voltam ao lugar que elas bem sabem ser delas. Toda a imensidão do mar que rodeia a gente, sinto que chega a nos assustar, e, quando o mar está agitado, nos desnorteamos num piscar de olhos! Não há bussola, capitão-coração que dê jeito. Amedrontamo-nos, mas logo menos, acompanhamos o ritmo das ondas de novo, como se acompanhássemos o ritmo da dança do nosso mar; sempre. Dançamos até conforme o vento, mas sem sairmos do lugar. Meu barco, frágil e fraco –como chegou ao teu porto- era solitário e andava meio sem rumo. Era desengonçado-não que ainda não o seja-, mas não queria tomar um Norte certo. Quando ele conheceu teu porto, foi uma euforia só! Não sabia muito bem ter o controle das próprias velas e como lançar ancora; mas teu porto foi sempre tão paciente, calmo, e me esperou de pouquinho, até que me viu de vez nele, sem querer mais sair. Teu porto era desconhecido, e cheio de obstáculos, não nego, mas meu barco queria te desvendar e não se deixou amedrontar! Hoje em dia meu barco tem certeza que lançou ancora no porto certo. Num porto que tem ventos fortes e ameaçadores, mas que ajuda meu barco a driblar tudo e até mesmo o medo. Teu porto hoje me é seguro. Meu barco tem certeza que o peso da ancora dele triplicou e ele não tem mais forças para tirá-la de volta. Meu barco não quer e nem consegue mais sair do teu porto. É engraçado até, e mesmo tendo chegado de mansinho, carregado pelo amigo vento e se instalado, ainda me pediu pra te escrever essa cartinha perguntando: “Teu porto aceita meu barquinho pra sempre?”

Belma Andrade