quarta-feira, 16 de setembro de 2015

mais um sem título.

Aquela imagem que não sai da minha cabeça? Ah, deve ser pegadinha da memória pra não me deixar esquecer o que aconteceu e o porquê. Certo, as marcas na pele já estão deixando bem claro a dor do acontecimento em meio à escuridão. Um feixe de luz, as vozes esganiçadas, o impacto, queda e olhos fechados. Não sei bem se fecharam como reflexo ou negação de enxergar o que de fato havia acontecido. Sei que nessa fração de segundos entre fechar e abrir os olhos, um jato de pensamentos e sentimentos tomou conta de todo o meu corpo e um misto de não saber o que fazer e saber, mas não querer, invadiram a cabeça já bastante atordoada. Na claridade, aquelas marcas rubras na roupa causaram um espanto e instintivamente o corpo começou a rejeitar que aquilo tudo havia acontecido em tão pouco tempo. Mas não tinha como levar a negação muito adiante, pois a cabeça doía e em minutos eu já me pegara numa fadiga e cansaço que quiseram me levar ao inconsciente, mas precisei resistir. Nessas horas, o corpo busca forças de onde parecem não mais existir e te fazem enxergar que não é o fim da linha. Foi só um tropeço no meio da caminhada que vão deixar marcas de aprendizado para que eu as olhe e siga em frente. Sempre enfrentando o em frente.


Belma Andrade

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Sabes aquele ciclo de entra, bagunça tudo e vai embora que acaba te deixando na defensiva?! Pois então, é isso o que ocorre. Ah, todos dizem: “não permita que os traumas passados estraguem o prazer de viver o presente”. E eu concordo com isso, até, mas pensa bem: teu lado esquerdo começa a pulsar freneticamente, até que isso toma todo o teu corpo. Aquela euforia se dissemina até tua razão e os olhos parecem que brilham mais que aquelas joias que mirasse na loja, esses dias. Tudo vira um mar de sentimentos e paixões. Mas aí algo acontece que se esvai e você meio que se perde. Porém, tal ciclo volta à tona! Mais um frenesi, um tremer de mãos, umas noites mal dormidas por conversas perdidas nas horas...
Ah, não, de novo?! É, num súbito tudo se dissipa novamente e você se faz jurar que não permitirá que tal ciclo recomece porque já está farta de remexer as folhas de seus poemas com inspirações advindas desses sopros de alegria aparentemente casuística. No entanto, algo te acomete de tal forma que arrebata qualquer juramento já feito sobre se resguardar do ciclo de entra, bagunça tudo e vai embora.
E, de fato, as portas se abrem para que seja feita a entrada, permita toda aquela bagunça desenfreada e por alguma razão rasteira vá para onde nunca deveria ter saído! E então você se pega numa fadiga, num desinteresse que acaba até se desconhecendo. Mas de certa forma, isso é melhor. Um tempo só seu, umas vivências só suas, uns poemas falando só sobre você. Um egocentrismo necessário para fortalecer enquanto tal ciclo não resolve voltar à tona!


Belma Andrade

terça-feira, 28 de julho de 2015

s(into)

Costumo dizer que o que me move
É o sentimento.
O pulsar do sangue, o ritmo do coração.
E tenho cada vez mais certeza
De que meu sentimentalismo
Reina e prospera tudo o que há em mim.
Porque por mais que eu me perca,
Que uns caminhos desandem
E que os rumos falhem no sentido;
O calor no meu coração,
O frenesi de uma nova paixão,
Formam a bússola que norteia meus passos.
Não adianta. Não consigo ser razão.
Só sei sentir, ser toda emoção.
Então se não faz meu peito arfar,
Meu coração acelerar, aqui nem faz morada.
Perca-se nesse turbilhão de sentidos,
Ou nem sinta nada e vá embora,
Pois eu sinto. E sinto muito!


Belma Andrade.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Notas de esclarecimento:

*Não é porque eu sonho todas as noites passando pelo seu portão, que eu ainda quero te ver.
*Não é porque todas as coisas novas que eu faço/conheço, e que penso de cara "se você gostaria" de estar vivendo aquilo comigo, que eu ainda penso em você.
*Não é porque todas as vezes que eu ouço uma gargalhada, ou vejo um sorriso estampado no rosto de alguém, que eu ainda me lembro de como os teus olhos brilham ao sorrir. 
*E ah, nem pense que porque eu ainda corro todas as vezes em que o meu telefone toca, na esperança que seja você, que eu ainda espero que você me ligue.
- Aliás, será que você está lendo este poema?
Não, não ache que eu o escrevi para você. 
*Não pense também que mesmo depois de trinta dias que você disse "Adeus" à minha confusão, ainda continua servindo de inspiração para toda a arte que exala aqui de dentro.

*E, definitivamente, não é porque o meu coração acelera e o sangue congela toda vez que eu esbarro em algo que me faz lembrar você, que eu ainda te amo...



Belma Andrade

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Linha do tempo.


Têm sido dias difíceis...
Pensar em tudo, lembrar de tudo, conviver com tudo, aceitar TUDO. Não vou negar que com os dias amanhecendo e indo embora, têm me feito enxergar que no fundo, foi o melhor a ser feito. Destas vez doeu mais do que qualquer outra, porque quanto mais planos eu fazia ao teu lado, mais eu sentia que nunca mais nos separaríamos de novo...

O mais difícil de tudo é conseguir perceber que não estava nada fácil havia muito tempo. Enxergar também que era mais grave do que uma “simples crise” não foi tarefa fácil. Aliás, nada entre a gente foi vivido facilmente. Meus excessos não colaboraram em nada e agora só o que eu consigo sentir é o vazio.

Pois é, meus sentimentos são tão aflorados e intensos, que até o vazio é algo que se faz sentido mais até do que eu gostaria. Sabe a carta que te escrevi no dia dos três anos, em meio às lágrimas? Foi um apelo, um pedido de socorro. Eu tinha a consciência de que não dava mais para continuar, que a bagunça estava fora de controle e não havia mais jeito, mas e eu quis aceitar?! Como uma menina assustada e mimada, fui toda prepotente pedir (ou exigir) mais uns meses de aluguel para moradia dentro da tua tão grande confusão.

Eu já não te sentia aqui, comigo, há tanto tempo...
Confesso que passei a me apegar a uma esperança estúpida e inútil que passou a corroer tudo dentro de mim. Me agarrei a um fio mínimo que ainda nos unia, que era o amor. Não, não pense que eu estou falando que o amor havia diminuído. Não diminuiu! Pelo menos, não dentro de mim. O que aconteceu, foi que ele passou a ser o figurante desse romance tão desajeitado e desajustado. Não bastava mais o que a gente sentia, e você vinha me alertando... mas e eu prestei atenção?! O máximo que eu pude, foi sentir medo. E este, se uniu a toda a minha insegurança e azar no amor para irem juntos devastando o pouco de sanidade que me restava...

Em que o medo me ajudou? Em nada! Ele só piorou e tornou a situação cada vez mais difícil de ser contornada. Mas em que eu queria acreditar? Que sim... “era só uma crise”. Mas, Belma! Por Deus! Que mania imbecil de fechar os olhos e deixar se enganar tanto! Estava claro, estampado, em frente aos meus olhos e coração que tudo havia se arruinado de novo...

E o que veio a partir daí? A culpa... o desespero! Lembrei de todos os filmes em que assisti a respeito de estarmos perto da morte e a vida começar a passar em frente aos nossos olhos... que sensação terrível, difícil, angustiante. (Não estou dizendo que senti a morte. Não essa morte que conhecemos de mudança de plano espiritual, mas a morte relativa a queda. Ao chão se abrindo sob os pés...).


Vai ver eu tornei tudo tão intenso, que fugiu literalmente do meu controle. Vai ver também, eu nunca quis controle, mas sim, ter a certeza de que o sangue jorrava aqui dentro, o peito batia e a barriga esfriava quando eu te via... mas isso não foi suficiente para manter um relacionamento, mas para escrever uma entre tantas histórias descabidas de amor, quem sabe...


Belma Andrade

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Roseira

Quando abri meus olhos
de manhã, no jardim,
vi naqueles botões -
de rosas - minhas vontades.
Pude enxergar que ali
algo desabrocharia aos poucos,
demonstrando um desejo
absoluto de nascimento.
No entanto, também mirei
nas pétalas murchas
e já tão esbofeteadas
pelo vento, pelo tempo
minhas manias e desgostos.
Quando percebi, ainda
que o que cerceava
tudo isso, eram espinhos -
firmes, fortes e afiados,
nada mais vi,
do que meus anseios trôpegos,
que me machucavam
sempre que encostava neles.
Pude observar, então,
que não podia ter tudo.
Que haveria de decidir
entre meus desejos nascentes,
minhas manias já recorrentes
e os fantasmas cortantes.
Vi mais ainda:
se continuasse nesse ritmo
assustador de nascimento,
crescimento involutivo e medo,
jamais floresceria intimamente.
Vou regar melhor este jardim,
transformando os botões 
em sonhos possíveis,
as pétalas em amadurecimento
e os espinhos em companheiros.
Nada melhor do que 
um corte conhecido para podar
as raízes já apodrecidas.



Belma Andrade

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Olhar onírico.



As linhas não se fundem;
elas se encontram.
Há um objetivo a ser alcançado.
Um tipo de eixo central.
Nem tudo o que os olhos miram
há conexão entre si.
(conexão que haja fusão)
Às vezes, a única ligação
que deve haver em algo
é o encontro. O ponto. O eixo.
O centro. E só.



Belma Andrade.