quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

veja, sinta, fotografe.



As melhores lentes
São nossos olhos.
Os melhores fotógrafos
Somos nós quem registrou
Com beleza e sensibilidade
Tudo a nossa volta.
Fotografamos tanto
O céu ontem...
Cada abrir e fechar
De nossas pálpebras
Era uma imagem registrada
Em nossa memória...
E o brilho de nossos olhos
Serviam como flashes
Que iluminavam ainda mais
Aquele céu modelo
Que tanto fotografamos...

Belma Andrade

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Insônia


-Preciso de uma dose de sono;
Sim, daquelas doses generosas
Pra entorpecer, ensandecer,
Embriagar mesmo...
De sono;
De torpor;
De sensação de descanso;
De leveza
De viajem do meu ser
Dentro de uma dose...
Preciso sentir
Minhas pálpebras pesarem
Meu corpo amolecer
E se entregar a cama
Que me espera
Há tantas noites...
Acomodar minha cabeça,
Minha mente e ideias
Num travesseiro de sonhos...
Preciso me entregar
A umas doses de sonhos,
Ao invés de imaginar acordada
No meu quarto escuro
Tudo aquilo que quando durmo
Me pega involuntariamente.
Pois é, acho que já decidi...
-Uma dose de sono, por favor?!
Não apenas uma, sabe...
É só pra começar mesmo.
Depois quero taças de sonhos
E drinks de descanso...
Entregar-me-ei a todos eles
Esta noite que está só começando...

Belma Andrade

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

~ Silêncio ~


Estou parada, entorpecida,
Ouvindo o silêncio...

Ah, e ele grita!
Sim, grita muito
E quase me ensurdece!

É escuro, porém cheio...
Cheio de vozes,
Cheias de receios...

Não sei bem
De onde tudo vem.
Não sei ao certo
A origem do grito mudo
Que me grita
Ao pé do ouvido...

Mas sei que invade a mim,
Que me ecoa...

É, o silêncio me atordoa,
Mas não paro de ouvi-lo...

Belma Andrade

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012


Sempre busco um lugar particular para estar. Mesmo em meio a tantos corpos juntos; muitas vezes me recluso no meu eu e paro. Observo rostos, feições, expressões... Ouço uns se lamentarem por coisas tão banais. Percebo outros com problemas pesados, coisas difíceis e outros até que não consigo descobrir nada. O modo de olhar nos olhos enquanto falam, as gesticulações enquanto contam uma história, o balanço que o vento proporciona no cabelo, o brilho nos olhos enquanto ouve algo interessante... Tudo, a necessidade de observar tudo. A percepção humana que é tão pouco usada, mas que faz uma diferença absurda ao lidar com os outros. Não apenas ouvir o que se diz, mas o tom de voz de quem diz algo. Não apenas para onde os olhos estão direcionados, mas o que eles miram e o que querem dizer profundamente... Não apenas o abraço, mas o calor compartilhado que vem junto a ele... Tudo. Observar e sentir tudo. Querer tudo. Pois é, a busca pelo lugar particular dentro de si para parar e observar mais é o que ajuda a não ser pela metade; ao tudo, ao inteiro.

Belma Andrade

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Incrível mesmo são as pessoas...
Sentem, dizem que sentem,
Lamentam por sentir,
Chegam até a fingir
E mentem... Ah, como mentem!
Sorriem, se abraçam,
Entrelaçam amizades
E pouca sensibilidade...
Conseguem até mesmo
Falar, falar e falar
Sem dizer uma única
Palavra. Qualquer que seja.
E aquela tal beleza
Buscada, almejada por todos
Que em uns causa até nojo
Por serem de uma falsidade
Que se tornou pouca raridade.
Pois é, está cada vez
Ficando mais difícil
De saber onde se pisa
Se é seguro ou um precipício...
Sei que vou convivendo
Com pessoas de todos os tipos...
Com umas eu convivo,
De outras até desisto
Porque sei que são incríveis,
E assim nos assustam,
Sendo sempre indescritíveis...



Belma Andrade

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Não conto mais o tempo.
Aliás, cansei do tempo.
Sim, cansei.
Gosto mesmo é das coisas
Que acontecem
Quando/enquanto ele passa...
Pois é, hoje percebi
Que não vivo o tempo.
Ele é quem me vive
Por meio de tudo
O que se passa
E ainda tem a passar...



Belma Andrade