sexta-feira, 26 de julho de 2013

regresso.


Sabe quando você é o autor da sua própria tragédia? Você vive a autoria plena de seus erros e tentativas frustradas de acertos. Sabe quando você é o melhor conselheiro alheio e o pior pivô de suas infelicidades? Como é que pode você desperdiçar 1, 2, 3 vezes a chance de viver e estar bem? Eis um grande problema: acertar. Você tentar, tentar de novo e escorregar na mesma contramão é confuso. É uma multiplicidade absurda de vontades e sensações. Uma corda-bamba que bambeia demais os nervos... Você se prende, se solta, pende pros lados e não encontra uma solução. E o que faz? Aceita. Aceita que não é perfeito e que a vida te aguarda lá fora errando, tropeçando e aprendendo, quem sabe, que você é o narrador, protagonista, antagonista e até vilão de sua auto derrota.


Belma Andrade.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

espelhos d'alma

Hoje acordei e meus olhos queriam conversar comigo. Não sei ao certo, mas eles me pareceram mais profundos que o normal. É certo que com minhas olheiras, a profundidade em que eles se encontram é corriqueira. Mas não, não eram apenas as olheiras... Me questionei, então, se era a cor dos meus olhos que estava diferente. Sim, porque são de uma metamorfose constante! Quando estão claros, sinto que estou bem, leve, tranquila, mas quando mais escuros... É isso! Uma neblina sobre eles, talvez. Algo se condensou. E tentei então, diante do espelho pedir para que ficassem calmos. Que o reflexo estava entregando eles demais. Que deveriam manter mais a calma e não deixar transparecer tanta falta de noites dormidas e até mesmo de oceanos derramados... Deitei novamente. A cabeça fez um turbilhão e eles mais uma vez marejaram! Estes que se mostram tão fortes, porém tão frágeis quando algo bambeia. Por Deus, se acalmem! Mirem apenas belas lembranças e reflitam isso, também. Assim, poderão continuar “tranquilamente” suas descobertas e desvendar seus derredores.


Belma Andrade 

domingo, 7 de julho de 2013

...



E tem coisa que machuca como espinho.
Lembranças, pensamentos pesados,
Passados, recordações...
Estranho como a memória capta imagens
Antes vividas como retratos.
Você rasga, queima, até joga fora,
Mas quando vai revirar um armário,
Umas gavetas, umas folhas,
Elas ressurgem! 
Não pesam mais tanto como antes,
E até ganham leveza quando exprimidas.
Mas isso só olhando, porque sentindo...
Amarga a boca, mareja os olhos, 
Serra os dentes e arrepia a pele. 
Como se um vulto ganhasse forma
Mas eu deixo ir embora.
Porque sim! É só lembrança...


Belma Andrade

terça-feira, 2 de julho de 2013

Saudade



Como é que pode dentro de sete letras
caberem tantos significados?
É; definições, frases,
pensamentos de diversas autorias
que se remetem a um mesmo sentir.
Ou seriam várias formas de sentir?
Como tantos sentimentos cabem e se resumem
numa única palavra?
Ou será que não se resumem?

Confuso.
Será que determinamos uma palavra
pra tentar facilitar
uma explosão de sensações
que não conseguimos explicar?
Não conseguimos nem mesmo
ter certeza do que sentimos, que dirá explicar.

Difuso.
A experiência da falta, do pesar, da não completude...
Incômodo.
Um misto de perturbações!
E quando me perguntarem
o que estou sentindo,
 deverei eu ser tão diminuta e suprimir tudo
numa única definição?
Não, não sou de definir, sou de sentir.

E sinto muito, aliás, por ser tão saudosa... 
Belma Andrade