Têm sido dias difíceis...
Pensar em tudo, lembrar de tudo,
conviver com tudo, aceitar TUDO. Não vou negar que com os dias amanhecendo e
indo embora, têm me feito enxergar que no fundo, foi o melhor a ser feito.
Destas vez doeu mais do que qualquer outra, porque quanto mais planos eu fazia
ao teu lado, mais eu sentia que nunca mais nos separaríamos de novo...
O mais difícil de tudo é
conseguir perceber que não estava nada fácil havia muito tempo. Enxergar também
que era mais grave do que uma “simples crise” não foi tarefa fácil. Aliás, nada
entre a gente foi vivido facilmente. Meus excessos não colaboraram em nada e
agora só o que eu consigo sentir é o vazio.
Pois é, meus sentimentos são tão
aflorados e intensos, que até o vazio é algo que se faz sentido mais até do que
eu gostaria. Sabe a carta que te escrevi no dia dos três anos, em meio às
lágrimas? Foi um apelo, um pedido de socorro. Eu tinha a consciência de que não
dava mais para continuar, que a bagunça estava fora de controle e não havia
mais jeito, mas e eu quis aceitar?! Como uma menina assustada e mimada, fui
toda prepotente pedir (ou exigir) mais uns meses de aluguel para moradia dentro
da tua tão grande confusão.
Eu já não te sentia aqui, comigo,
há tanto tempo...
Confesso que passei a me apegar a
uma esperança estúpida e inútil que passou a corroer tudo dentro de mim. Me
agarrei a um fio mínimo que ainda nos unia, que era o amor. Não, não pense que
eu estou falando que o amor havia diminuído. Não diminuiu! Pelo menos, não
dentro de mim. O que aconteceu, foi que ele passou a ser o figurante desse
romance tão desajeitado e desajustado. Não bastava mais o que a gente sentia, e
você vinha me alertando... mas e eu prestei atenção?! O máximo que eu pude, foi
sentir medo. E este, se uniu a toda a minha insegurança e azar no amor para
irem juntos devastando o pouco de sanidade que me restava...
Em que o medo me ajudou? Em nada!
Ele só piorou e tornou a situação cada vez mais difícil de ser contornada. Mas
em que eu queria acreditar? Que sim... “era só uma crise”. Mas, Belma! Por Deus!
Que mania imbecil de fechar os olhos e deixar se enganar tanto! Estava claro,
estampado, em frente aos meus olhos e coração que tudo havia se arruinado de
novo...
E o que veio a partir daí? A
culpa... o desespero! Lembrei de todos os filmes em que assisti a respeito de
estarmos perto da morte e a vida começar a passar em frente aos nossos olhos...
que sensação terrível, difícil, angustiante. (Não estou dizendo que senti a
morte. Não essa morte que conhecemos de mudança de plano espiritual, mas a morte
relativa a queda. Ao chão se abrindo sob os pés...).
Vai ver eu tornei tudo tão
intenso, que fugiu literalmente do meu controle. Vai ver também, eu nunca quis
controle, mas sim, ter a certeza de que o sangue jorrava aqui dentro, o peito
batia e a barriga esfriava quando eu te via... mas isso não foi suficiente para
manter um relacionamento, mas para escrever uma entre tantas histórias
descabidas de amor, quem sabe...
Belma Andrade