Sabes aquele
ciclo de entra, bagunça tudo e vai embora que acaba te deixando na defensiva?!
Pois então, é isso o que ocorre. Ah, todos dizem: “não permita que os traumas
passados estraguem o prazer de viver o presente”. E eu concordo com isso, até,
mas pensa bem: teu lado esquerdo começa a pulsar freneticamente, até que isso
toma todo o teu corpo. Aquela euforia se dissemina até tua razão e os olhos
parecem que brilham mais que aquelas joias que mirasse na loja, esses dias.
Tudo vira um mar de sentimentos e paixões. Mas aí algo acontece que se esvai e
você meio que se perde. Porém, tal ciclo volta à tona! Mais um frenesi, um
tremer de mãos, umas noites mal dormidas por conversas perdidas nas horas...
Ah, não, de
novo?! É, num súbito tudo se dissipa novamente e você se faz jurar que não
permitirá que tal ciclo recomece porque já está farta de remexer as folhas de
seus poemas com inspirações advindas desses sopros de alegria aparentemente
casuística. No entanto, algo te acomete de tal forma que arrebata qualquer juramento
já feito sobre se resguardar do ciclo de entra, bagunça tudo e vai embora.
E, de fato, as
portas se abrem para que seja feita a entrada, permita toda aquela bagunça
desenfreada e por alguma razão rasteira vá para onde nunca deveria ter saído! E
então você se pega numa fadiga, num desinteresse que acaba até se
desconhecendo. Mas de certa forma, isso é melhor. Um tempo só seu, umas
vivências só suas, uns poemas falando só sobre você. Um egocentrismo necessário
para fortalecer enquanto tal ciclo não resolve voltar à tona!
Belma Andrade