E foi lido em algum lugar que a
aflição causada pela dor, poderia ser transformada em poesia... mas a dor pesa,
rasga, inflama. A poesia é tão grande e completa, que é capaz de suportar até
mesmo o peso de uma saudade dilacerante? A poesia é forte o suficiente para
carregar todas as lágrimas que preenchem cada palavra, vírgula e ponto desse
texto? A poesia, afinal, é capaz de minimizar – um pouco que seja – o corte que
se abre cada vez que os olhos são fechados e o pensamento flutua?! Bem, se o
que eu chamo de poesia carrega isso tudo e ainda me carrega nas costas sem nada
reclamar, digamos que ela tem em si todas as dores do mundo. E não, isto não é
ruim! É bom que ela alivia um pouco as minhas costelas que já avermelham do
peso sustentado, e divide com ela que tem a alma e o coração que me sentem, a
cabeça que me instrui à razão, os braços que me acolhem ao mais aconchegante
abraço, o estômago que embrulha toda vez que lembra e a memória que me ajuda a
esquecer o que as pernas já se cansam de atrás, correr. É isso. A poesia me
acolhe, e a você?!
Belma Andrade.