Desde
que te conheci, barcos têm um significado muito grande pra mim. Tu és meu
porto, sabe? Onde eu joguei minha ancora, de um peso em demasiado pesado. Tenho
amarras bem firmes aqui que nunca vou permitir soltar; nem mesmo quando passarmos por aquelas tempestades que parecem nunca ter fim. Os ventos as vezes fazem minhas
velas balançarem muito, mas estas, sempre voltam ao lugar que elas bem sabem
ser delas. Toda a imensidão do mar que rodeia a gente, sinto que chega a nos
assustar, e, quando o mar está agitado, nos desnorteamos num piscar de olhos!
Não há bussola, capitão-coração que dê jeito. Amedrontamo-nos, mas logo menos,
acompanhamos o ritmo das ondas de novo, como se acompanhássemos o ritmo da
dança do nosso mar; sempre. Dançamos até conforme o vento, mas sem sairmos do
lugar. Meu barco, frágil e fraco –como chegou ao teu porto- era solitário e
andava meio sem rumo. Era desengonçado-não que ainda não o seja-, mas não
queria tomar um Norte certo. Quando ele conheceu teu porto, foi uma euforia só!
Não sabia muito bem ter o controle das próprias velas e como lançar ancora; mas
teu porto foi sempre tão paciente, calmo, e me esperou de pouquinho, até que me
viu de vez nele, sem querer mais sair. Teu porto era desconhecido, e cheio de
obstáculos, não nego, mas meu barco queria te desvendar e não se deixou
amedrontar! Hoje em dia meu barco tem certeza que lançou ancora no porto certo. Num porto que tem ventos fortes e ameaçadores, mas que ajuda meu barco a
driblar tudo e até mesmo o medo. Teu porto hoje me é seguro. Meu barco tem
certeza que o peso da ancora dele triplicou e ele não tem mais forças para
tirá-la de volta. Meu barco não quer e nem consegue mais sair do teu porto. É
engraçado até, e mesmo tendo chegado de mansinho, carregado pelo amigo vento e
se instalado, ainda me pediu pra te escrever essa cartinha perguntando: “Teu porto aceita meu barquinho pra sempre?”
Belma Andrade